sábado, 11 de setembro de 2010

Salvador carece de plano de coleta seletiva

Reciclar o lixo doméstico em Salvador já era complicado para o cidadão devido à falta de políticas públicas eficazes, mas agora se tornou uma missão quase que impossível. Isso porque os postos públicos que arrecadavam esse material reciclável na cidade foram desativados, sem que nenhuma alternativa fosse implementada na capital.
A assessora de planejamento da Empresa de Limpeza Urbana do Salvador (Limpurb), Ana Vieira, justifica que houve a desativação  porque os 120 postos de entrega voluntária (PEVs), usados para a coleta seletiva dos resíduos sólidos, teriam sido destruídos por vândalos.
Segundo ela, para substituir os PEVs, serão implantados novos centros de coleta modernos, mas isso só ocorrerá após a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico – que tem prazo para ser concluído em dois anos.
“Para iniciarmos a elaboração do plano, no entanto, esperamos a regulamentação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos [aprovado pela União em agosto deste ano] para definir como serão os centros”, declara a assessora da Limpurb. Conforme a assessoria do Ministério do Meio Ambiente (MMA), a regulamentação deve ficar pronta em novembro.
Enquanto a normatização não sai e o plano da cidade não é concluído, a população fica sem uma política efetiva, que possa livrar o meio ambiente dos danos provocados por produtos que poderiam ser reciclados, como papéis, plásticos, metais e vidros.
Especialista em resíduos sólidos, a pesquisadora da Universidade Federal da Bahia Viviana Zanta acredita que, sem os PEVs, a situação se agrava ainda mais. “Se a coleta seletiva já era limitada, imagina agora”, questiona, afirmando que a prefeitura deveria mediar a reciclagem da cidade.
“A responsabilidade deve ser compartilhada: o cidadão tem que assumir seu papel e separar o lixo; o fabricante tem que recolher a sua produção; e a prefeitura, que é a maior responsável, deve monitorar o descarte de resíduos”, enfatiza.
Cooperativas -  Apesar da falta de iniciativa municipal, os cidadãos podem contar com as ações da iniciativa privada e das cooperativas de catadores para reduzir a poluição ambiental. Anualmente, segundo a Limpurb, as cooperativas reciclam cerca de 2,4 mil toneladas de lixo na capital. Isso representa apenas 1% do lixo produzido pela cidade.
Serviço
Como funcionam as cooperativas

Locais que produzem muito lixo, como condomínios e empresas, podem solicitar à cooperativa mais próxima coletores de materiais recicláveis. Elas implantam e buscam os coletores cheios. Depois,  fazem a separação do material, prensam e vendem para as fábricas, que os transformam em  novos produtos.
Supermercados  têm postos de coleta

A rede Bompreço é uma das que oferecem postos de coleta na cidade – 42 das 66 unidades da rede contam com essas estações, que, em 2009, coletaram 200 toneladas de lixo.

João Alvarez/Agência A TARDE


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